A VERGA DO NOSSO CONTENTAMENTO
Há muito que vejo sampederenses insurgirem-se conta a nova ponte.
Povo ingrato de vistas curtas.
Críticas infundadas. Ataques violentos e caluniosos. Artigos de opinião publicados em barda. É só o que sabem fazer. Deixe-nos trabalhar, o tempo dar-lhes-á razão.
Há coisas que não entendo. Eu próprio critico, mas só quando motivos de ordem pública assim o determinam.
Dou graças a Deus pela vontade esclarecida e determinada que os nossos governantes vêm demonstrando, actuando firmemente, contra ventos e marés. Enfim, como se santanetes se tratassem. E não, não digam as más línguas que o seu fim vai ser igual ao do Santana, porque tal não sucederá. Estamos numa divisão à parte onde a competência e a elevação de espírito realçam.
Concretizando e regressando ao tema do presente post, como é possível que alguém se insurja contra a nova ponte, aquela obra bela de engenharia? Como pode aquela vergão hirto e firme ser criticado?
Porra, afinal é a obra da reeleição! E que obra, que imponência e magnificiência!
Antevejo hordas de turistas para ver a maior verga, desculpem, viga, da península ibérica. Numa época em que 1/3 da população portuguesa consume Viagra, os sampedrenses mostraram como elas se fazem e mantêm firmes sem ter de recorrer a esse fármaco.
Será possível que ainda ninguém percebeu o que está por detrás da sua construção?
Correndo o risco de fazer uma inconfidência, vou revelar uma conversa de corredor ouvida outro dia, quando limpava o chão do balneário. O seu teor, resumido, era o seguinte:
Primeiro: a nova ponte, aliás como a antiga, vai ter por fim a circulação pedonal da rapaziada que mora além rio. Sim, é por isso que é tão estreita como a antiga! Claro, se o objectivo fosse a circulação automóvel a ponte seria necessariamente mais larga.
Segundo: trata-se de uma medida de combate à obesidade. Apercebendo-se que a população além rio estava a ganhar uns quilos extra, resolveram fazer, não uma, mas duas pontes pedonais. Mais nada. Quem quiser ir à VILA que o faça pelo próprio pé. Parece que o próprio senador Maximus vai dar o exemplo, vendendo o BMW do município e fazendo o percurso da sua mansão até aos paços do concelho. Para além do mais, assim passará a ter maior contacto com a população, sempre necessário para levar o concelho a bom porto.
Terceiro: revela um elevado sentido político de redução do consumo das famílias. Ao permitir a criação de um novo Lidl do lado de cá e ao impedir o seu acesso através de automóveis, obriga as famílias a reduzir o consumo, na medida em que ninguém estará disposto a carregar com sacos de arroz e Bolacha Maria às costas.
Quarto: incrementa o consumo de binóculos. Com a construção de um Lidl à beia rio e um Centro de Saúde no meio de um pasto verdejante, o mirante irá ganhar uma nova dinâmica, com camionetas repletas de pessoas para vislumbrar uma paisagem tão repousante. Um assessor do senador Maximus, rápido no pensamento coma flecha do Robin, apressou-se logo a sugerir uma empresa municipal com esse objectivo: fabricar binócilos. Para membros do conselho de administração os mesmos da Termalistur. Uma espécie de reconhecimento pelo bom trabalho realizado no balneário.
Quinto: criação de mais duas fontes de rendimento para o município. Uma portagem na ponte no valor de 1,00 € ida e volta. Uma concessão do mirante pelo período de um ano, renovável por igual período à razão de 2.500,00 € anuais. O princípio comum às duas ideias, quem quer, paga.
Concluo a minha indignação com a certeza que, após o conhecimento público da verdadeira razão de ser da construção da ponte, ninguém mais ousará criticar a Câmara por este motivo. Peço mesmo que todos quantos se atreveram a criticar tão bom acto de gestão dos dinheiros públicos sejam enviem um pedido formal de desculpas ao senador Maximus. Há que apoiar quem merece ser apoiado, nos maus e nos maus momentos. Será que já existiram alguns bons!?
TOMA, EMBRULHA! TOMA, EMBRULHA!
Toma, embrulha! Toma, embrulha!
Se esta expressão, por si só, já é irritante que chegue, imaginem-na dita por um energúmeno adepto do sampedrense de Super Bock na mão na sequência de um golo marcado por este clube alaranjado.
Para compor o quadro visual, imaginem-no a cuspir-se todo, por de entre os espaços dos dentes que não tinha, e a cuspir os que o rodeavam, onde se incluía a minha pessoa. Quando preparava a minha retirada, já com as golas do blusão arregaçadas, apercebi-me que o gajo tinha um cachecol laranja à volta do pescoço.
Sim, laranja. Como se já não bastasse a estrutura directiva e deliberativa do clube estar minada pela laranjada, como aliás quase tudo nesta vila, ainda tinha de levar com um cospe-cospe dessa laia.
Jurei vingança.
A sua saliva fedorenta, de onde sobressaíam alguns laivos de sangue vindos da sua acentuada gengivite, e o cachecol berrante haveriam de me impelir a voltar a escrever neste blogue adormecido.
E eu que tinha jurado não mais divulgar os meus pensamentos transversais a único leitor do meu blogue, eu mesmo!
Este triste episódio ocorreu antes daquela noite gloriosa em que o boateiro enrabador foi enrabado. Nada que já se não esperasse, dizem-me agora os enrabados resignados e expectantes por um futuro próximo, que eu, porém, antevejo ser longínquo. Pois, pois...
Saído do café dos trópicos, antro de maledicência e higiene deficiente, desloquei-me na dita noite ao largo da Câmara. Fantástico, bombástico! Uma enrabadela generalizada. Até alguns feudos laranjas, como o domínio Adriático, haviam sido trespassados pelos espinhos da rosa!
Ambulâncias cruzaram a ponte em direcção á Quinta da Ufa. Um aqui residente sentia-se mal. Havia recebido a notícia de um desemprego antecipadamente anunciado. Respiração boca a boca e três Vallium foram necessários para que deixasse de morder a língua compulsivamente.
Todo o staff reunido à volta do moribundo a pensar nos seus próprios empregos. Algumas lágrimas surgiam no canto dos olhos dos mais apegados.
Tive alguma pena, acreditem. A antecipação feita por todas aquelas almas quase penadas comoveu-me. Breves instantes passados os resultados nacionais e já todos antecipavam o próximo escrutínio local. Que visão! que deleite! Que regalo!
Dois conselhos plagiados vos deixo, minhas laranjinhas.
O primeiro, da autoria do Vitorino meia-leca, VÃO-SE HABITUANDO!O segundo, da autoria do cospe-cospe, TOMA, EMBRULHA! TOMA, EMBRULHA!