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robindotelhado
quarta-feira, novembro 30, 2005
 

AS RENAS, O PAI NATAL E O PAI NATAL ROBIN

Adoro o Pai Natal.

A figura em si é absolutamente ternurenta. A barriga proeminente, fruto das muitas guloseimas que vai comendo de casa em casa, para ter força para descer e subir as chaminés. A barba branca farta e fofa, que apetece afagar.

Quando miúdo, sonhava 364 dias com o Natal, nem dormia, só de pensar que o podia apanhar em flagrante, a colocar as muitas prendas que queria no(s) meu(s) sapatinho(s). A mera possibilidade de falar com aquele velhinho simpático foi a causa das minhas primeiras directas.

A desilusão foi quando cresci. Não pela descoberta de que o Pai Natal não existia. Disso já eu suspeitava há muito. Na verdade, a minha casa não tinha lareira e o diâmetro do tubo da salamandra da sala não era suficientemente largo. Era uma auto ilusão, que teimava em sustentar para justificar o meu desejo de ter mais e mais prendas.

Só fiquei mesmo estuporado quando me disseram que o pai Natal tinha dispensado as renas e as tinha substituído por um veículo com motor de combustão interna. O desgraçado do pai Natal havia feito um comunicado em que dizia exactamente isso: «veículo com motor de combustão interna». O grande cabrão nem sequer se dignou a dizer que tinha comprado um automóvel. Por forma a humilhar as devotas renas recorreu a esta expressão. Filho da puta.

A partir daí passei a detestar o Pai Natal e desatei a comprar todas as prendas do mundo. Comprei tantas, tantas, tantas que o Pai Natal foi para o desemprego por falta de objecto contratual. Assim como uma espécie de cessação contratual por inutilidade superveniente, percebem?

Pois é, agora o Pai Natal sou eu. O Pai Natal Robin. Fartei-me de divulgar isto por todo o lado. Enviei info-mails para todos os destinos que conhecia. A minha caixa de correio está a abarrotar. Os 80 giga do meu computador mostram-se à beira da ruptura.

Na árdua tarefa de responder a todos os pedidos, deparei com cinco pedidos vindos de um mail de uma entidade pública cujo nome não vou divulgar. Afinal o Pai Natal Robin também está obrigado a manter sigilo profissional.

O primeiro dizia assim:

«Querido Pai Natal Robin,

Não querendo abusar da tua infinita bondade e compaixão, precisava de 1.000.000.000.000.000.000.000,00 € para poder pagar as dívidas aos fornecedores e prestadores dos serviços eleitoralistas que encomendei. Sei que o valor é elevado, mas como trabalharam 24 horas/dia a coisa saiu mais cara. Por outro lado, a banca já não nos concede mais crédito. Ainda tentei hipotecar a minha casa, mas como está em nome do meu irmão, não aceitaram, teria de ser ele a fazê-lo e ele não está para aí virado.

Pedia-te ainda que convencesses o Rui Costa a aceitar um qualquer cargo na nossa administração, como fez o Desleal. É que assim era menos um a chatear.

Já agora um BMW. É que este é o meu último mandato e quero-o acabar em estilo.

Obrigado Pai Natal Robin,

O Primeiro»

Já o segundo que é terceiro escreveu o seguinte:

«Meu Querido Pai Natal Robin, quase Deus omnipresente, quase Criador do céu e da terra,

Sendo um cristão profundo, não vou pedir bens materiais. A altura é propícia à compaixão e fraternidade, não à ignomínia do consumismo.

O que te peço nem sequer é para mim. O meu altruísmo assim o dita. São dois pedidos num só: uma viagem para o segundo que é terceiro e para o quarto que o é, só de ida, para o Butão. Que fiquem lá longos e longos anos. Para que não pensem em voltar, oferece a um uma empresa de construção civil com um saco azul, de onde possa pagar o que quiser, quanto quiser e a quem quiser sem chatear ninguém, ao outro uma destilaria.

Só assim voltaremos a ser uma família unida, uma equipa que trabalhará em prole da minha freguesia, quero dizer das nossas freguesias todas.

Saudações cristãs, meu querido Pai Natal Robin.

O Segundo.

A carta mais estranha das cinco recebidas foi a do terceiro, que é segundo.

Não percebi népia. É certo que foi enviada às 5.30 horas, mas... Dizia assim:

«Robin Papá Natal

Querooo um fritgoiríficuu NO FROST para os meu gabinnnete. Uma graaade de JVBBB de 15 anos euma máquijda de fiinus igualç à dói bar do genro do sogro.

Em termos prufcionais, a minha panela, taxcho e frijideriarra de boltA. Já estava abituado ás aguas estremais e qeroas outra vez. São voas, boas pás dores de cabeça.

Tamvbém kerum BMW. Afinal sou o terceiro que é segundo e tamvvbéM sfru das coztas.

Tenhu ditro.

O tercegundo».

A do quarto não era menos estranha:

«Pai Natal Robin,

Gajas, gajas, gajas, gajas, todas, todas, novas, velhas, brancas, negras, peludas, depiladas, com bigode, sem bigode, de lado, de frente, de trás, de cima, de baixo. Elas que venham, elas que venham. Até as escacho!

Já agora, as renas do Pai Natal, como as dispensou, também elas marcham.

Um kit de zoofilia não é pdir de mais pois não?

Um abração do quarto que há-de ser primeiro».

Por fim, mas não a menos bizarra, a do quinto:

«♫♪♪♪♪♪♫♫♫♫♫.

♪♪♪♫♫♫♫♫!

♫♫♫♫♪♪?

♪♫♫».

Pedir não custa, não é? Vou apreciar caso a caso, ponderar. Tendo em consideração o primeiro pedido, vou ver se alguém me faz um factoring ou um leasing porque nem o meu orçamento aguenta tanta massa.

Oh, oh, oh!

Até breve, meus lindos.

O Pai Natal Robin.

 
terça-feira, novembro 29, 2005
 
O TÓ CARLOS E A JANIS JOPLIN – ÁGUA E AZEITE OU TALVEZ NÃO?

Não, não, não.
Não pensem que me vou pôr a fazer alusões a um passado mais obscuro do Tó Carlos, nem, tão pouco, a estabelecer paralelismos entre a vida deste cidadão de Sul e a da Janis Joplin, conhecida pelos seus excessos de love, sex, drugs and rock and roll.

Estaria a inventar e isso eu recuso-me a fazer. Estou absolutamente certo do passado impoluto do Tó. De certeza que casou virgem, nunca se aproximou de qualquer tipo de substância ilícita e nunca ouviu Rock and Roll.

Dissipadas as dúvidas – como se elas existissem!! – posso afirmar que o Tó Carlos está para a Janis Joplin como a água para o azeite. Não se misturam. Cada macaco no seu galho.
Se resolvi dar este título foi porque, na semana passada, estando eu a passear na Quinta da Bufa, Ufa ou lá como se chama aquele sítio que vai ter um acesso a estrear e uma rotunda nova, vi passar o Tó Carlos.
De braço de fora, cabelos ao vento, lá ia ele no BMW camarário a acelerar em direcção ao seu palácio. Não sei porque ia tão contente, mas que ia, ia. Ao ponto de, coisa nunca antes vista, ir a trautear a seguinte canção:

Oh Lord, won't you buy me a BMW?
My friends all drive Porsches,
I must make amends.
Worked hard all my lifetime, no help from my friends,
So Lord, won't you buy me a BMW?

Oh Lord, won't you buy me a BMW colour TV?
Dialling For Dollars is trying to find me.
I wait for delivery each day until three,
So oh Lord, won't you buy me a BMW colour TV?

Oh Lord, won't you buy me a night on the town?
I'm counting on you, Lord, please don't let me down.
Prove that you love me and buy the next round,
Oh Lord, won't you buy me a night on the town?

Como é evidente, reconheci a música de imediato. Janis Joplin no seu melhor. Parece que foi ontem. Woodstock, 1969. Quilos e quilos de reva. Eu só fumei dois ou três charros, mas isso fica para outro post.

O que me fez espécie foi a alteração da letra. Porque razão estaria o Tó Carlos a alterá-la. Tenho a certeza que ele conhecia a original. Sim, até o Tó Carlos a conhece.

Fiquei baralhado. Porque haveria ele de querer um BMW se já tinha um? Quereria outro? Não me parece, até porque é público que as finanças do município vão de mal a pior – vide JN de 29 de Novembro de 2005, pág. 27.

Para ficar esclarecido, rapei do telemóvel e liguei ao assessor mais clarividente da nova equipa do Tó. Foi chato, apanhei-o de boca cheia e um copo de Sumol na mão. Sei que era Sumol pelo borbulhar do gás.

No meio da operação de mastigação, qual Cavaco, consegui sacar-lhe que o Tó Carlos se estava mesmo a preparar para comprar um BMW novo, parece que um 320 D full extras. Preço? Barato. Cerca de 50.000,00 €. Nada que (mais uma) operação financeira não consiga liquidar, não é?

Boa Tó. Estou contigo, mas quero dar uma voltinha. Nunca andei em nenhum 320 D dos novos. Acho que era boa ideia organizarmos uns passeios para os munícipes pela serra fora com o cu sentado no novo BMW. Podia ser que apanhássemos algum turista de casca de melão e estreávamos a frente, embatendo com ela no porcalhão. Não era uma boa ideia?
 
quarta-feira, novembro 23, 2005
 
A «F» WORD

Sempre gostei de ver as cenas dos filmes norte-americanos em que os adolescentes mais pudicos correm para as saias das respectivas mamãs a queixar-se que o irmão mais velho disse a «F» word. Acho delicioso. Não consigo imaginar isso a passar-se com um adolescente do Ervilhal ou da Bustarenga.
Nós somos mais terra a terra, menos pudicos, mais directos.
Deixei-me ir nesta onda de pensamentos quando ouvi um qualquer paneleirote de uma dessas associações de defesa de frou-frous dizer que estava muito escandalizado pela decisão do Papa quanto à questão dos homossexuais não poderem vir a frequentar seminários e posteriormente serem ordenados. Um erro histórico, insurgia-se chocado o pega-de-marcha-atrás.
Fui às nuvens. Nem sei bem porquê, já que não sou muito de ir em missas, mesmo cantadas, e não gosto muito de padres, já se for uma freira rosadinha...
Pus-me a pensar num padre com uma bíblia cor-de-rosa, uns slip rendados e as unhas arranjadas, sem espigões, a servir as hóstias delicadamente. Fui mais longe, dei comigo a comungar e o padre sensível a meter-me o polegar e o indicador na boca, segurando a hóstia. Avancei ainda mais, onde teria metido aquela criatura os seus dedos minutos antes. Vi o seu colega sacristão com um ar satisfeito e sentado de lado na cadeira que ladeava o altar. Fiquei enojado.
Assim que cheguei a casa lavei os dentes três vezes. Jurei nunca mais comungar sem ter a certeza que o padre não ia às putas de vez em quando.
De um momento para o outro tornei-me um cidadão da Bustarenga. Gritei, em voz alta, para que todos me ouvissem, até os médicos que, em mais um congresso, repousavam no Convento de S. Cristóvão: «filhos da puta dos paneleiros, só faltava querem ser padres, cabrões do caralho. Vão-se mas é foder. Já não bastava andarem no mundo das artes e da televisão».
Fiquei aliviado. Tomei uma resolução. Doravante irei morar para a Bustarenga e passarei a votar no PP.
 
S. Pedro do Sul, Viseu

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