A «F» WORD
Sempre gostei de ver as cenas dos filmes norte-americanos em que os adolescentes mais pudicos correm para as saias das respectivas mamãs a queixar-se que o irmão mais velho disse a «F» word. Acho delicioso. Não consigo imaginar isso a passar-se com um adolescente do Ervilhal ou da Bustarenga.
Nós somos mais terra a terra, menos pudicos, mais directos.
Deixei-me ir nesta onda de pensamentos quando ouvi um qualquer paneleirote de uma dessas associações de defesa de frou-frous dizer que estava muito escandalizado pela decisão do Papa quanto à questão dos homossexuais não poderem vir a frequentar seminários e posteriormente serem ordenados. Um erro histórico, insurgia-se chocado o pega-de-marcha-atrás.
Fui às nuvens. Nem sei bem porquê, já que não sou muito de ir em missas, mesmo cantadas, e não gosto muito de padres, já se for uma freira rosadinha...
Pus-me a pensar num padre com uma bíblia cor-de-rosa, uns slip rendados e as unhas arranjadas, sem espigões, a servir as hóstias delicadamente. Fui mais longe, dei comigo a comungar e o padre sensível a meter-me o polegar e o indicador na boca, segurando a hóstia. Avancei ainda mais, onde teria metido aquela criatura os seus dedos minutos antes. Vi o seu colega sacristão com um ar satisfeito e sentado de lado na cadeira que ladeava o altar. Fiquei enojado.
Assim que cheguei a casa lavei os dentes três vezes. Jurei nunca mais comungar sem ter a certeza que o padre não ia às putas de vez em quando.
De um momento para o outro tornei-me um cidadão da Bustarenga. Gritei, em voz alta, para que todos me ouvissem, até os médicos que, em mais um congresso, repousavam no Convento de S. Cristóvão: «filhos da puta dos paneleiros, só faltava querem ser padres, cabrões do caralho. Vão-se mas é foder. Já não bastava andarem no mundo das artes e da televisão».
Fiquei aliviado. Tomei uma resolução. Doravante irei morar para a Bustarenga e passarei a votar no PP.