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robindotelhado
sexta-feira, outubro 17, 2008
 
Os Estrangeirados Internos – o estranho caso da Dra. Fátima Pinho
Nos tempos idos de estudante, lembro-me da figura dos estrangeirados, nome com conotação negativa que era atribuído pelos sectores tradicionalistas (diria mesmo, menos informados e resistentes à mudança) àqueles portugueses que, nos séculos XVII e XVIII, emigravam e regressavam mais tarde ao país, defendendo e pugnando pela aplicação das ideias de pendor iluminista apreendidas no estrangeiro em detrimento das nacionais.

Por terem permitido a entrada de novas e melhores ideias num país fechado que padecia de atrasos estruturais, o fenómeno dos estrangeirados assumiu-se da maior importância para o desenvolvimento do país no século XVIII.

Veio-me esta reminiscência escolar quando me interrogava sobre o papel dos sampedrenses que se deslocam para fora do concelho e, mais tarde, tentam a ele regressar, visando aplicar ideias, saberes, experiências e técnicas aprendidas e apreendidas noutros locais que não necessariamente no estrangeiro. Uma espécie de estrangeirados internos, portanto
Delimitando-me temporalmente num passado recente, lembrei-me do Eng.º Vítor Barros, homem que, sendo originário do concelho, trabalhou sempre fora dele, com importantes e relevantes cargos.
Concorde-se ou não com as suas ideias, goste-se ou não dele e da sua família, numa coisa temos necessariamente de concordar: trata-se de uma pessoa com ideias e com um projecto para o desenvolvimento para S. Pedro do Sul.
Em abstracto, pois que os sampedrenses optaram por não lhe dar a possibilidade de as concretizar no nosso concelho, o Eng.º Vítor Barros dispunha de um conjunto de ideias e saberes para aplicar, como fez, de resto, na Companhia das Lezírias, com os bons resultados que se conhecem e que são publicamente reconhecidos, quanto mais não seja pelo prémio de gestão que lhe foi atribuído. Teria sido, portanto, um bom estrangeirado para S. Pedro do Sul.
Como já todos percebemos – seja pela componente monetária atrás referida, seja porque o D. Quixote era apenas uma personagem de ficção – o Eng.º Vítor Barros não voltará a tentar a sua sorte.
Porque o Partido Socialista local parece apostado em mais uma reedição de apoio a estrangeirados, fala-se no nome da Dra. Fátima Pinho.
Também ela originária do concelho, trabalhou quase sempre fora dele e tem a particularidade de ser menos conhecida no concelho do que o próprio Eng.º Vítor Barros, pese embora apele repetidamente à família a que pertence, com referência particular ao Dr. Manuel Bandeira Pinho, o que, desde logo, não augura nada de bom. Não pelo apelo à família em geral, não pelo apelo que faz ao mais destacado membro dessa família (ex-presidente da Câmara com obra feita e reconhecida), mas por mais parecer uma bengala para se fazer conhecida.
Um qualquer político que se pretenda impor num qualquer cargo – até mesmo nos comandos de um município do interior como S. Pedro do Sul – tem de ter ideias para oferecer aos munícipes que pretende cativar. Tem de ter sustentabilidade e firmeza de carácter para as expor e debater.
Ora, à Dra. Fátima Pinho não se lhe conhece uma única ideia. Entrou na política local pelas mãos do Eng.º Vítor Barros, amigo do seu irmão mais velho, e por aqui se fica o único ponto que têm em comum.
Todas as ideias que tenta vender como suas são, afinal, do seu mentor e eram parte integrante do programa político que este tinha para S. Pedro do Sul: a criação do parque industrial junto à A 24, as acessibilidades a Viseu, A 24 e A 25, etc., etc., etc..
Um vazio total e absoluto do que pretende para S. Pedro do Sul! É esta a verdadeira razão para a afirmação que a Dra. Fátima Pinho faz na pág. 3 da Gazeta da beira de 25 de Setembro: «Existem factos que, por mais que tente, não consigo compreender».
É evidente que não consegue compreender, Dra. Fátima Pinho. Como pode V. Exa. compreender o que quer que seja se não tem a mais pequena ideia do que pretende? Como pode V. Exa. arrogar-se a falar de gestão autárquica se não tem nenhuma ideia sequer de gestão? Como pensa V. Exa. resolver o défice do município? Aumentando as receitas? Como? Diminuindo as despesas? Quais?

Chega de generalidades, Dra. Fátima Pinho. Ninguém lhe conhece posição nenhuma sobre nada.
Diz na edição do jornal citado que lhe parece inadmissível a gestão do município sem um «projecto integrado e global, de desenvolvimento sustentável». O que é que isso quer dizer? Quais as componentes do projecto que V. Exa. defende? Ninguém percebe o que V. Exa. diz. Referir-se-á ao ao saneamento financeiro do Município ou, por outro lado, às taxas de recolha de lixo na Cabria?

Noutra parte, a propósito da dita gestão autárquica, diz que «nestas questões os partidos são importantes e, em termos teóricos, as orientações dos partidos relativamente ao tipo de actuações que os eleitos devem assumir pode ter significado. No entanto, em muitos casos, trata-se de um problema de pessoas, de sensibilidades, de capacidade para traçar um rumo para um dado concelho e de pôr em prática um projecto que permita seguir um determinado caminho, sem hesitações e com determinação».
Mais uma vez, o que é que isto quer dizer? Qual é a sua sensibilidade? Qual é o seu projecto? Qual é o seu caminho? Tem a certeza que, se a lista que V. Exa. pretende encabeçar for a eleita, não vai ser forçada a assumir as indicações que o Dr. José Junqueiro lhe vai dar sobre o concelho de S. Pedro do Sul, pessoa que tanto criticou e que agora apoia para ver se sobe uns degrauzitos na escala?
Defina-se e seja coerente, Dra. Fátima Pinho. Como pode V. Exa. falar do facto da Câmara Municipal viver de costas voltadas para as associações do concelho, se não faz parte de nenhuma delas? Provavelmente nem sabe quais e quantas existem…
Há políticos que, pelo seu passado, podem dar-se ao luxo de se manter calados durante longos períodos sem nada dizer ou esclarecer. Políticos que têm obra feita e posições conhecidas. Não é o seu caso. Da sua política apenas se lhe conhece o facto de ter entrado na política por um favor do Eng.º Vítor Barros e de ser uma feroz crítica do Dr. José Junqueiro e dos seus colegas de vereação (o do próprio partido, ao qual recentemente aderiu, incluído), nada mais.
Aprendesse V. Exa. um terço do que os dois citados no parágrafo anterior (Eng.º Vítor Barros e Dr. José Junqueiro) sabem e podia ser que se safasse com honra nas próximas eleições. Como não o faz, quanto ao primeiro porque pretende fazer suas ideias que o não são, quanto ao segundo porque não o suporta, adivinho um resultado eleitoral risível, cujas únicas consequências serão as seguintes:
Pela negativa, fazer-nos passar por mais uma experiência quadrienal com o Dr. António Carlos Figueiredo e o seu braço direito, Dr. João Evangelista;
Pela positiva, livrar-nos desses velhos do Restelo que V. Exa. também detesta, mas que são os únicos apoios que conseguiu reunir em seu redor, sendo certo, porém, que os acompanhará na saída pela porta pequena.
Com tanto estrangeirado que S. Pedro do Sul tem, tinha de nos sair a pior. A Dra. Fátima Pinho será necessariamente uma má estrangeirada interna para S. Pedro do Sul.
Terminando numa frase bem ao seu jeito, S. Pedro do Sul merecia melhor ou, pelo menos, não tão mau…
 
S. Pedro do Sul, Viseu

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