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robindotelhado
sexta-feira, janeiro 16, 2004
 
Há palavras que merecem todo o nosso respeito, quanto mais não seja para enaltecermos todos os que perderam horas infindáveis na pesquisa dos seus significados.
Num claro tributo à actividade de pesquisa dos compiladores do Dicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, vamos, sempre que possível, procurar palavras que tenham aplicação ao contexto do nosso vale.
A que escolhi para hoje - açaime - reveste-se de enorme actualidade, não só pelo número crescente de cães de raças ditas perigosas e que deles necessitam, mas também e sobretudo, pelas eleições autárquicas que se avizinham. Confusos?
Antes de passar à explicação de como um açaime pode ser relacionado com a ida às urnas nas berças, façamos o tributo ao dicionário, para que saibamos do que falamos. Lá vai: açaime - s.m. (de origem obscura) aparelho de couro ou metal que é ajustado ao focinho de um animal, especialmente cão ou furão, para evitar que morda ou coma.
Pois bem, é de açaimes que falaremos, mas não de qualquer tipo de açaimes. Aquele sobre o qual vos pretendo falar é especial. Sendo igualmente ajustado ao focinho do animal, tem a particularidade de permitir que este não morda, mas coma. E de que maneira pode o pobre animal comer.
Feito este intróito, impõe-se agora estabelecer a ligação entre este útil acessório canino - quase sempre - e os actos eleitorais.
Com o avizinhar das eleições, os nossos autarcas-futuros-desempregados-por-não-saberem-fazer-mais- nada-que-não-seja-agarrarem-se-ao-tacho (ufa, nome comprido!), começam a mobilizar-se para calarem todas as vozes inconvenientes. Sejamos francos, quando a nossa sobrevivência periga temos de nos «pôr a pau»!.
Para o conseguirem existem os mais variados expedientes, sendo que uns são mais imaginativos que outros. Daquele tipo, lembro-vos o daquele autarca que vendeu a alma por um queijo. Resultado, ficou no poleiro e não mais lhe faltou comida, posto que a fábrica do dito não mais deixou de coagular o leite minhoto.
Tristes dos autarcas que não têm queijo, pensarão.
«No problem», como se diz na Amadora, quem não tem cão, caça com gato!
Quem não tem queijo, nem cão, nem gato, caça com àgua, de preferência termal.
Avancemos. Nos pasquins locais há sempre alguns extraterrestres que apresentam a particularidade de não ter familiares que sejam funcionários na Câmara - pelos menos em situação precária - e que, por isso, podem criticar as opções políticas tomadas. Nessa actividade crítica, ameaçam os defensores do statuos quo, os quais, por seu lado, temem que alguém atenda às críticas feitas.
Eis que surge o nosso acessório. O açaime, cujo significado poderia ser o seguinte: aparelho cuja função é fazer com os seus utilidaroes fiquem quietinhos e caladinhos, sob pena de, não o fazendo, levarem no focinho. Protegíamos na mesma o focinho e toda a gente percebia melhor.
E a água termal, perguntar-se-ão os meus dois ou três leitores fatigados com tantas considerações, que tem a ver com os açaimes?
A água termal é o açaime em si mesmo. Simples.
Quem quiser experimentar o açaime na pele, ou melhor no focinho, é fácil.
Escrevem um artigo ou dois a dar porrada na Câmara, de preferência sob a capa cobarde do anonimato, senão os gajos processam-vos - parece que o presidente teve a profissão de advogado e não perdoa uma - e esperam. Passados uns tempos, voltam a fazer o mesmo para serem levados a sério. Voltam a aguardar. Como neste caso quem espera não desespera, vão recebr um convite para «ficarem a águas».
É verdade. E ainda por cima são pagos para isso. Basta andar pelo sítio das águas a fazer de conta que estão a trabalhar, mandando mudar uma lâmpada aqui, ordenando a limpeza do chão ali e por aí fora.
Foi por isso que vos disse que este tipo de açaime permite que o seu utilizador não morda - senão a mama acaba - e coma - o salário não deve ser mau.
Agora que já expliquei com a água termal pode ser um açaime, resta-me esperar que não exista nenhum autarca a ler este blog sofrível. Tenho medo que se aperceba que vivemos num concelho com águas termais e se lembre de para lá mandar algum munícipe incomodativo.
Não se admirem que este cenário se possa transformar em realidade. A tentação pode ser grande e, por vezes, podemos cair, ainda que tal implique deixarmos de ser LEAIS.
Mantemos tudo o resto, inclusive o nome. Deixamos apenas de ser leais, nem que seja com a nossa conduta anterior, mas que importa isso?
Se o executivo mandar é só voltar a fazer o mesmo. Não se esqueçam que as águas das Termas são infindáveis. Já o D. Afonso Henriques se banhou nelas.

Saudações «champedreneses».
 
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S. Pedro do Sul, Viseu

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