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robindotelhado
quarta-feira, fevereiro 11, 2004
 
NOVOS EMPREGOS CAMARÁRIOS - OS ALFAIATES

A catástofre instalou-se nas caldas do concelho.
Entupido para além do limite do aceitável com toda a espécie de porcarias, o Vouguinha viu o seu caudal subir de modo brusco e inesperado, inundando toda a área adjacente numa extensão de cem metros em cada margem.
Como resultado, os cerca de quatrocentos e trinta e dois funcionários das caldas, perdão, quatrocentos e trinta e três funcionários - o senador/administrador esteve ao serviço durante mais de cinco minutos seguidos - ficaram a sem ter que fazer nos próximos cinco meses, pois este é o tempo previsto para a recuperação integral do edifício.

Reunido de emrgência e após o toque da sirene dos bombeiros se não ter calado durante quase o dia todo, o senado ponderou a imediata declaração do estado de emergência. «Que vamos fazer com essa malta toda?», questionava-se o hair on the air. «Vamos ter de levar com eles», declarava o pêlo na venta. «Tenham calma, vamos encontrar uma solução», dizia o apaziguador futuro-desempregado. «É pô-los a trabalhar na Escola de Carvalhais que há lá muita pedra para partir», sugeria o senador-imperador.

Entretanto, num inesperado rasgo de intelegência que se lhe desconhecia, o bivalve, empunhando um telemóvel em cada mão, ambos ligados em alta voz, gritou: «Heureka! Já sei, vamos dar um telemóvel a cada um e lá se hão de entreter a falar uns com os outros».

O senador-administrador-finaceiro-nas-muitas-horas-vagas, aborrecido com semelhante disparate, virando-se para a disparatada Vieira, vociferou o seguinte: «Vê lá se te calas. Por causa do teu fétiche com telemóveis tenho a Vodafone sempre atrás de mim para pagar as contas. Vamos ter de dar o edifício do Senado em quadragésima hipoteca para as liquidar».

Acabado de chegar da sua quinta de Vai-e-Ões e alheio a tudo o que se passava, facto que constituiu surpresa entre os seus pares, o meu primo Henriquinho, após uns minutos de sensata meditação, avançou com a seguinte solução: «Criemos novas profissões temporárias para os quatrocentos e trinta e três funcionários caldistas. Distribuímos grupos de quarenta ou cinquenta por cada uma e está o problema resolvido».

Manifestamente embevecido com o seu delfim, o futuro-desempregado, sorrindo, disse ao primo, na presença de todos: «Vinde a meus braços, meu filho. Vais ser promovido a assessor chefe».
Passado este momento de ternura e orgulho, criou-se uma mesa redonda, agora já na presença do chefe de todos os munícipes, que ainda se apresentava combalido, aparentando ainda não estar totalmente ciurado da gravatite aguda que o tinha atacado.

«Cata-pêlos», sugeriu o senador que os tem por tudo quanto é lado, segundo os mais recentes relatos do lobbY feminino .
«Polícias municipais anti-blogues», antecipou-se o senador-imperador, desde que fiquem na minha dependência directa.
«Cata-beatas», disse o futuro-desempregado, que as planta por tudo quanto é sítio.
«Arranca-bostas», continuou o evangelista de serviço, dando uma vigoroso murro sobre o seu evangelho segundo ACF.
«Limpa-chaminés», avançou o meu prmi Henriquinho, pois andam aí jotinhas com a cabeça atolhada de merda, a fazer fé nos comentários apostos nos blogues.
«Jogadores da bola», disse o sempre soridente a-gravatado.
«Alfaiates», sugeriu o arrebatador bivalve.

Fez-se um silêncio mórbido à volta da mesa redonda.
Sem saber o que responder ou comentar, trocaram olhares denotativos da incompreensão quanto à sugestão bivalviana.

Sem medo de mostrar que não havia percebido a ponta de um corno quanto à ideia dos alfaiates, o futuro-desempregado, pediu explicações à concha, que de imediato se abriu, revelando anos de aprendizagem profundamente entranhada.

Ó colegas, só um bando de alfaiates nos pode salvar da adivinhada ruína.
Sentamo-los pelos bancos do nosso jardim e mandamo-los fazer bolsos com quatro metros de comprimento.

Ainda tá com a ressacar da festa de Beirós, segredou o senador Hair on the air.

«Eu ouvi», respondeu prontamente o bivalve, «mas vale mais uma ressaca em Beirós do que uma bezana no meio das couves do mercado».

Conclui o teu raciocínio bivalviano, interrompeu o senador futuro-desempregado.

«...da-se», desbafou a Vieira por de entre uma chamada de telemóvel - a quinquagésima quarta da manhã - «com bolsos desse tamanho vamos conseguir arrumar lá a massa toda que vamos receber dos seguros por causa das inundações».

Posta à votação, foi esta proposta assinada por unanimidade dos presentes.

Fica a advertência. Se os virem em posição de mira-aviões, com as mãos nos bolsos, não se iludam. Não é a tomateira que coçam. É a massa que contam.

Boa bivalve. É de gajos com espírito prático como tu que nós precisamos.

Saudações bolsistas.
 
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S. Pedro do Sul, Viseu

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