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robindotelhado
segunda-feira, fevereiro 02, 2004
 
Pelo menos a geração grunge haverá de se lembrar daquela cançao escrita pelo auto-intitulado poeta Curt Colbain em que o marmelo desatava a pedir desculpas a toda a gente.

Pois era assim que gostava de começar esta blogada, pedindo desculpas por não ter podido malhado em ninguém este fs.

Não foi o trabalho do balneário que me impediu de satisfazer este meu novo prazer, pois que lá existe gente - em abundância - para o fazer.

A verdade é que passei o fs preso devido à Judite.

Estava eu a entrar no Valsaevários com a minha pasta, aquela que uso para transportar a Odisseia do Camarada Homero, quando fui interpelado por uma senhora que se disse chamar Judite.

Pôs-me a mão no ombro e com uma voz grossa, aos engulhos, cheguei mesmo a temer que me vomitasse todo, mandou-me acompanhá-la.
Como tinha a consciência tão tranquila como a do nosso presidente quando, por falta de verba, se viu forçado a pôr no olho da rua o pessoal contratado, segui-a. Sempre à distância, por o seu hálito ser insuportável de tão podre.

Entretanto, ia-lhe perguntando: «D. Judite, diga-me o que se passa, o que foi que fiz?».
Só quando nos abeirámos da sua viatura se dignou dirigir-me palavra.
Eis senão quando dei fé de quem era a mão invisível que a comandava.
Levando a mão à franja que caía sobre a sua testa sobredimensionada, apercebi-me que tinha colado no meio desta um pêlo púbico. Disse-me apenas: «é por causa do Robin».

A fonte dos meus problemas estava agora identificada. O senador amante da fruta não havia perdoado a minha capacidade de observação e tinha posto a Judite no meu encalço.
Comecei a ver a minha vida a andar para trás. O que seria do meu povo de Baiões? Como iriam ser as Pousadas sem a minha presença? Como ficariam todos aqueles que tinham depositado tanta fé na minha pessoa, desde os tempos em que ainda borrava a cueca?

Apercebendo-se do pânico que me envolvia, a D.ª Judite compadeceu-se e traquilizou-me dizendo que a acompanhasse até a sua residência, onde falaríamos com mais calma sobre o sucedido. Fui metendo conversa sobre as águas termais, pensando que estas teriam o mesmo efeito na nossa conversa que têm nas crostas existentes por entre os dedos dos pés.

Depois de trezentas e cinquenta e quatro curvas chegámos a Viseu. Quando o meu ritmo cardíaco já se começava a recompor, a D. Judite toma a direcção de Figueiró. Vi as luzes do Alcazar à minha frente e o carro a abrandar e pensei tratar-se do meu fim.

A cabala começava a ganhar forma. O sendador da fruta e o Dr. Kings iam fianlamente vingar-se das minhas graçolas inócuas. Comecei a imaginar-me na pista de strip com a puta de Vilar em cima de mim. Toda a gente a beter palmas e os pêras lá do sítio a soprarem-me pêlos púbicos com sabor a gin tónico para cima. Era demasiada humilhação para o que havia feito: nada.

Súbita e inesperadamente, a D. Judite inverteu a marcha, sem que ninguém do interior daquele Night Club se tivesse apercebido, decerto por extasiada ocupação. Voltei a cair em mim.
Uns minutos depois, poucos, vi-me dentro de uma casa rodeada por muros altos com um lago defronte, onde um cisne negro olhava fixamente para mim.

Conduzido para a cave, sempre ladeado por dois assessores, quero dizer, seguranças, a Judite, nessa altura já tínhamos ganho alguma confiança, confidenciou-me que me ia ser dada uma segunda oportunidade. Se conseguisse provar a veracidade dos episódios relatados nos blogues, não só seria liberto, como ganharia uma viagem à República Dominicana a expensas da Câmara Municipal de S. Pedro do Sul e garantiriam-me a publicação de todos os meus textos num livro através da editora do Meu Pipi.

Fiquei em êxtase. A viagem estava no papo e já começava a imaginar a capa do livro. A minha cara reflectida nos jactos de hidromassagem do balneário com o Evangelho segundo ACF no fundo. Era perfeito. Ia ser um best-seller. Finalmente iria poder fazer o que mais gostava - blogar - e fugir ao que mais detestava - trabalhar para o município.

Passadas algumas horas, pois aproveitei para pormenorizar os meus relatos e fazer uns novos, a Judite estava de boca aberta. Apressou-se a pedir-me desculpas pela vergonhosa detenção a que me tinha sujeito. Agora, sabia-o, via verdade em tudo quanto havia escrito.

Aceitei as suas desculpas, que me pareceram sinceras, e ofereci-lhe, em troca, uma escova dos dentes, que ela usou de imediato para esfregar os ditos e para descolar o pêlo púbico que ainda se mantinha irredutivelmente colado no meio da testa.

Voltei a Baiões pelo meu pé, como sempre fiz e continuarei a fazer, e, cansado, deitei-me, só tendo acordado para vos relatar o sucedido.

Espero que me compreendam e não me levem a mal.

Qual governador Arnaldo, I'll be back!!!

Robin, o mais novo amigo da Judite.
 
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S. Pedro do Sul, Viseu

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