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Toma, embrulha! Toma, embrulha!
Se esta expressão, por si só, já é irritante que chegue, imaginem-na dita por um energúmeno adepto do sampedrense de Super Bock na mão na sequência de um golo marcado por este clube alaranjado.
Para compor o quadro visual, imaginem-no a cuspir-se todo, por de entre os espaços dos dentes que não tinha, e a cuspir os que o rodeavam, onde se incluía a minha pessoa. Quando preparava a minha retirada, já com as golas do blusão arregaçadas, apercebi-me que o gajo tinha um cachecol laranja à volta do pescoço.
Sim, laranja. Como se já não bastasse a estrutura directiva e deliberativa do clube estar minada pela laranjada, como aliás quase tudo nesta vila, ainda tinha de levar com um cospe-cospe dessa laia.
Jurei vingança.
A sua saliva fedorenta, de onde sobressaíam alguns laivos de sangue vindos da sua acentuada gengivite, e o cachecol berrante haveriam de me impelir a voltar a escrever neste blogue adormecido.
E eu que tinha jurado não mais divulgar os meus pensamentos transversais a único leitor do meu blogue, eu mesmo!
Este triste episódio ocorreu antes daquela noite gloriosa em que o boateiro enrabador foi enrabado. Nada que já se não esperasse, dizem-me agora os enrabados resignados e expectantes por um futuro próximo, que eu, porém, antevejo ser longínquo. Pois, pois...
Saído do café dos trópicos, antro de maledicência e higiene deficiente, desloquei-me na dita noite ao largo da Câmara. Fantástico, bombástico! Uma enrabadela generalizada. Até alguns feudos laranjas, como o domínio Adriático, haviam sido trespassados pelos espinhos da rosa!
Ambulâncias cruzaram a ponte em direcção á Quinta da Ufa. Um aqui residente sentia-se mal. Havia recebido a notícia de um desemprego antecipadamente anunciado. Respiração boca a boca e três Vallium foram necessários para que deixasse de morder a língua compulsivamente.
Todo o staff reunido à volta do moribundo a pensar nos seus próprios empregos. Algumas lágrimas surgiam no canto dos olhos dos mais apegados.
Tive alguma pena, acreditem. A antecipação feita por todas aquelas almas quase penadas comoveu-me. Breves instantes passados os resultados nacionais e já todos antecipavam o próximo escrutínio local. Que visão! que deleite! Que regalo!
Dois conselhos plagiados vos deixo, minhas laranjinhas.
O primeiro, da autoria do Vitorino meia-leca, VÃO-SE HABITUANDO!O segundo, da autoria do cospe-cospe, TOMA, EMBRULHA! TOMA, EMBRULHA!