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robindotelhado
quarta-feira, março 30, 2005
 
A CIGARRA E A FORMIGA

Era uma vez....
Este post poderia começar desta forma tradicional. Foi assim que, pela primeira vez, a fábula que dá o mote.
Era uma tarde de Inverno chuvosa, a lenha crepitava e eu enrolava-me numa manta de xadrez vermelho devido ao frio que se fazia sentir.
Impedido de vir para a rua deliciar-me em mais uma corrida de carros de rolamentos, amavelmente cedidos pelo mecânico da Sacor, ouvi atentamente a história que a minha avó se ofereceu para contar, acompanhada de uma melodia que já não me recordo.
Começava assim:

«A cigarra, sem pensar em guardar,
a cantar passou o verão.
Eis que chega o Inverno, e então,
sem provisão na despensa,
como saída, ela pensa
em recorrer a uma amiga:
sua vizinha, a formiga
,pedindo a ela, emprestado,
algum grão, qualquer bocado,
até o bom tempo voltar."
Antes de Agosto chegar,
pode estar certa a senhora:
pago com juros, sem mora."
Obsequiosa, certamente,
a formiga não seria."
Que fizeste até outro dia?"
perguntou à imprevidente.
"Eu cantava, sim, Senhora,
noite e dia, sem tristeza."
"Tu cantavas? Que beleza!
Muito bem: pois dança agora..."»

Não pensem que vos venho contar histórias.
Para isso temos aqueles que foram eleitos democraticamente. Sempre servirão para alguma coisa se o fizerem.

Não. Quero apenas que pensem na possibilidade de estabelecer um paralelismo entre esta fábula e a nossa história (recente) autárquica.
Desculpem o desafio que vos lanço. Sei que a tarefa não é fácil. Aceito mesmo que seja algo inglória. Afinal, como comparar a magnitude do último mandato do nosso grande senador com uma historieta amarelecida pelo tempo?

Sim. Também respondi isso quando me propuseram semelhante tarefa. Vão pastar! Esta Câmara não é como as outras, afirmei. Este executivo trabalhou o tempo todo, sustentei. Não é como aquelas que apenas mostram (promessa) de obra no último ano, rematei. Faz obras necessárias e que não são apenas para encher os olhos aos incautos, reforcei.
Palavra de Robin. É esta a minha crença. A mais esclarecida conclusão que alguma vez firmei perante tão óbvios factos.

Não me lixem, peço-vos. Vejam as evidências:
O que é que interessa se a porcaria do concelho não tem saneamento se temos a maior verga, desculpem, viga, da Europa a sustentar o nosso chulé?

O que é que interessa se o nosso rio transborda da merda que deixamos escorrer pelas nossas sanitas se vamos ter um estádio com relva e bancadas cobertas? Querem tomar banho, tomem em casa! O rio é para os peixes. Cheira mal? Ponham Dove debaixo dos sovacos e captem as suas partículas odoríficas com vossos proeminentes narizes!

O que é que me interessa se passaram quase 4 anos a pedir empréstimos para pagar despesas correntes se agora gastam dinheiro a rodos? Vejam a quantidade de máquinas que rompem os campos verdejantes dos nossos barões e viscondes para abrir o nosso Lidl! Não se sentem orgulhosos?

Para quê um monte de erva espraiada até ao lenteiro do rio se podemos ter fileiras de carrinhos de compras conduzidos por simpáticos ucranianos carregadas de Vodka made in Sacavém? Não é um belo postal da nossa vila?

O problema vai ser optar por esta entrada ou pela da Moreira & Rodrigues. A beleza de uma e de outra não é de escolha fácil, mas parece que a ligação das duas será realidade a curto prazo.
Uma circular a S. Pedro é coisa para breve. Derrubada a ponte horripilante do comboio de Negrelos e aquele edifício tenebroso da antiga estação e os obstáculos deixarão de existir.

E não me falem de valores históricos ou patrimoniais, que isso é letra morta. A história é feita todos os dias e o homem que derrubar o palácio do Marquês de Reriz e aí construir um Minipreço ficará na história sampedrense.

Assim vos peço, não ponham a nossa valorosa equipa a dançar nas próximas autárquicas como se de cigarras se tratassem. A sério, poupem-nos a tão vergonhoso e imerecido espectáculo.

Primeiro, porque quero mesmo poder dizer aos meus filhos que, por debaixo da caixa de pagamento do futuro Miniprço já existiu um palácio de um Marquês.

Segundo, porque ver uma dança entre o senador hair-on-the-air com o púbico-man era mau de mais.

Terceiro, quero ver o desemprego a diminuir e chocar-me-ia ver um bando de senadores a viver do subsídio de desemprego.
 
terça-feira, março 08, 2005
 

O GRANDE TIMONEIRO

Antes de mais, peço imensas desculpas ao ilustre autor do blogue Portugal Livre pela cópia do título. Fi-lo apenas para melhor identificação da reflexão que se segue.

Este post é especialmente dirigido àqueles que pensam que, em termos locais o marketing político não funciona. Desenganem-se, incautos. Funciona. Funciona Bem. E é bem caro.

A foto que está disponível nesse blogue demonstra o que acabo de dizer de forma cristalina. Por certo não pensavam que se destinava apenas a revelar os dotes fisíco-faciais do nosso timoneiro, que por certo os tem.

Também não é para nos dizer que o senador Maximus tem mau gosto por gravatas, coisa que, ainda que se desconhecesse até ao momento, não passaria despercebida a um cego após o visionamento de tão bela fotografia.

Nada disso. Uma mensagem subliminar. É o seu objectivo último.

Quando digo subliminar não quero dizer que é só para alguns entenderem. Não. É subliminar, mas susceptível de ser por todos compreendida.

Mais, para além de compreendida, pode ser comprovada. É uma das mais avançadas técnicas de marketing político: compreensão-comprovação.

Se repararem, por detrás do timoneiro são visíveis dois planos distintos do rio, ambos reveladores de uma acalmia total. Na parte mais baixa do rio, quase imperceptível, vê-se um pequeno remoinho, causado pelo jacto de água aí instalado.

Ao fundo, quatro arcos de uma ponte de pedra, sólida. Firme e hirta, diriam alguns.

Vejamos os significados desses elementos.

O primeiro plano do rio corresponde ao primeiro mandato, do timoneiro. Calmo, sem problemas de maior, primou pela ausência de toda e qualquer obra. Por isso não se vêm nenhumas ondas.

O segundo plano do rio, situado uns centímetros mais abaixo, corresponde ao segundo mandato. O remoinho que aí se vê significa as promessas feitas, que haveriam de jorrar das mentes brilhantes que compunham a sua lista. É por isso que se vê parte do jacto de água ou, pelo menos, os seus efeitos.

Neste plano, vivia-se alguma euforia, motivada por tantas promessas e da respectiva qualidade e envergadura.

O pior vem depois, o último plano. Mal escolhido.

Deveria o marketing político ter tirado a foto no sentido contrário do curso do rio. No sentido ascendente.

Pois é. O facto do timoneiro estar colocado no sentido do rio significa que o resultado de tantas promessas só poderia redundar no seu incumprimento, no seu decaimento, tal qual a água que segue o seu curso.

Os arcos da ponte, que mais parecem ter sido escavados pela força da água – significativa das promessas – conduzem-nas inexoravelmente à sua queda, ao abismo.

Nem mais, meu caro timoneiro. Também este será o seu fim: o abismo político que se avizinha e que lhe adivinho.

É este o fim para quem não cumpre o que promete e não o assume. De nada lhe valerá a verga – da ponte. De nada lhe valerão as máquinas que rompem os muros seculares da curva da caldeiroa, para aí plantar um hipermercado.

Não se esqueça das sábias palavras de um presidente do seu partido: «a mesma água não passa duas vezes sob a mesma ponte».

O marketing político não o salvará, pelo menos este. É certo que nos mostrou e permitiu comprovar o que se adivinhava, mas o resulatdo é mau demais.

A barca em que segue está já por debaixo dos arcos da ponte da fotografia. Eu estou no fim da cascata à sua espera com uma rede. Sim, porque não quero que fique desempregado após a queda. Quando isso acontecer, despeço-me do balneário e ofereço-lhe o meu emprego, ok?

E não se preocupe, porque o Robin cumpre as suas promessas!

 
segunda-feira, março 07, 2005
 
A FOTO DO FREITAS DA SILVA

Dizia-me outro dia um amigo meu, Mestre e Doutor em maledicência, que concordava inteiramente com a decisão do PP em enviar a foto do Professor Freitas do Amaral para a sede do PS.
Dizia-me ele que era o tratamento merecido para os vira-casacas e oportunistas.
Só com o total e público repúdio de actos como esse, adiantava, poderia a política portuguesa alcançar um maior nível de respeito.

Apesar de o tentar convencer do contrário, argumentando que, apesar de tudo, o Professor Freitas fazia parte da história do CDS, não consegui e a conversa ficou-se por ali.

Uns dias passados, estava eu sentado no cruzeiro a contar os 21 jardineiros do Senado que aí apanhavam outras tantas folhas, à razão de uma para cada um, vi esse meu amigo em passo apressado, com um rolo debaixo do braço, tipo arquitecto, a dirigir-se ao tribunal.

Chamei-o para dois dedos de conversa e perguntei-lhe, preocupado, porque se dirigia à Domus Iusticiae.
Sem falar, mas com um sorriso de orelha e um brilho nos olhos, retirou a trampa do canudo e, cuidadosa e vagarosamente, começou a desenrolar uma fotografia que teria um metro por sessenta centímetros.
Inicialmente vi apenas duas mãos cândidas e frágeis, sobrepostas. Mãos de alguém que nunca trabalhou no campo, de alguém que teria um trabalho leve, quiçá intelectual.
À medida que ele ia desenrolando a fotografia, apercebi-me que, sobre as mãos do retratado, estava uma pilha de livros com lombada vermelha.

Comecei a ver o nome dos autores. Marx, Lenine, Trotsky, Engels... Estavam lá todos.
Quando já estava quase a sufocar com tanta ansiedade, o meu amigo decidiu-se a abrir a foto de uma só vez, desta vez para causar um total e inesperado impacto.

Olhei para a cara do fotografado e os livros, agora como um todo. Irradiava felicidade e segurança. Como se, do conteúdo dos livros e das políticas defendidas pelos seus autores, dependesse a sobrevivência da humanidade. Há muito que não via uma foto tão intensa. Ele não se limitava a pegar nos livros. Abraçava-os como se a própria vida dependesse deles.

Perguntei quem era. O seu nome, pois de vista já o conhecia. Lembrava-me dele das vezes em que ia ao Roque tomar café.
A primeira vez que o vi, pensei que era um animador sócio-cultural do Adrianizar S. Pedro. De facto, as conversas que mantinha com um outro senhor mais velho e com voz rouca, não sei se de tanto berrar se da má qualidade do bagaço, eram do mais bizarro que já tinha visto. Discutiam um com o outro, mas de coisas diferentes. Um non sense digno de figurar no Gato Fedorento.

O meu amigo disse-me que era um oficial de justiça, daí a sua ida ao tribunal.
Como também ele se chamava Silva, havia recebido em casa a fotografia por engano. Não tinha remetente, mas apenas uma foice esbatida e um martelo. Quase não se conseguia ver. Apenas a cor realçava, de tão vermelha que era. A acompanhar a fotografia, informou-me, apenas um papel com o mesmo logótipo com os seguintes dizeres: «Troca-tintas! És o nosso Freitas!»

O meu amigo estava contentíssimo por lhe ir entregar a fotografia. Nem de propósito, avançava. Já viste, interrogava-se. A moda pegou. Quero ver se a vão afixar na sede da laranjada, concluiu.
E lá foi ele, escadas acima. Não sem antes tropeçar no 15º jardineiro, que apanhava a 15ª foha caída.

Aguardemos. Por mim, tenho já agendada uma visita à sede dos laranjinhas para ver a foto do Silva ao lado da do Sá Carneiro com uma placa por baixo: Freitas da Silva!
 
quarta-feira, março 02, 2005
 
O CÃO UBU

Desde que me conheço que gosto de ir ao cinema, pouco importando o género de filmes. Só a emoção de me sentar defronte a grande tela branca era motivo bastante para me fazer sair de casa.

Em tempos idos, quando ainda existiam preocupações culturais para as massas em S. Pedro do Sul, também o podia fazer por cá e, devo dizer-vos, era uma emoção, embora a velha sala fosse do mais desconfortável que já vi. Cadeiras partidas, pedaços de tecto a caírem-nos nas cabeças, o chão a ranger constantemente, enfim, um conjunto degradado.
No entanto, os breves momentos que antecediam a passagem do filme eram de convívio, discussão e crítica.
Por clara incapacidade de gestão, o cinema está como nós sabemos, com obras feitas que já estão a necessitar de reparação por força do não uso. Sobre isto havemos de falar um dia.

O motivo deste post não é, no entanto o cinema de S. Pedro do Sul, mas uma produtora norte-americana chamada UBU Productions.
A primeira vez que vi um filme produzido pela UBU Productions foi precisamente no cinema de SPS e jamais me esqueci do seu jingle.
Num segundo plano em que se vêm um casa ao longe, surge em primeiro um Labrador Retriever preto, não existindo nenhuma música de fundo.
De repente, ouve-se uma voz que diz «Sit, Ubu, sit, Ubu! Good Dog». De seguida, um latido do Ubu.

Divinal. De uma simplicidade brutal, mas impressivo, pelo que criou junto dos cinéfilos de todo o mundo uma generalizada admiração, ainda hoje sentida de cada vez que se vê e ouve o jingle.

A UBU Productions é norte-americana, como vos disse. Imaginem agora qual não foi o meu espanto quando me apercebi que foi criada uma joint-venture entre a Ovelha Dolly, LTD. e a UBU Productions com sede em S. Pedro do Sul com o objectivo de clonar o UBU.
Parece que o nosso executivo aceitou a ideia muito bem e, disseram-me, eu até nem acredito, iria ceder instalações para tão ambicioso projecto.

Se isto aconteceu ou não, não sei. O que sei é que ainda no outro dia vi passear no jardim vários Retrievers Labrador e, do alto de uma varanda, ouvi uma voz dizer o seguinte: «Sentem UBU, sentem UBU! Lindos cães!».
Seguiram-se vários latidos por parte dos UBUS, já sentados sobre as patas traseiras e que rejubilavam perante o dono, abanado a cauda de contentamento.
Um espectáculo digno de se ver. Como é bela a obediência. Obrigado UBU Productions!
 
terça-feira, março 01, 2005
 
A PROVA PROVADA

Há muito que venho notando algum incómodo nos posts que publico.
Para além de incómodo, começo agora a notar alguma raiva, expressa nas caixas de comentários, entupidas com comentários anteriores.
Aos autores de tais actos agradeço de forma sincera.
Tal tipo de atitudes permite-me tirar três conclusões:

Primeira: identificar os seus autores, quiçá membros do recém-criado Gabinete Municipal de Controlo do Conteúdo Editorial dos Blogues – GMUCCOE;
Segunda: constatar com deleite que os textos atingem o seu propósito, criticar e pôr as pessoas a pensar nalguns actos.
Terceira: verificar que os nervos de algumas pessoas andam á flor da pele.

Desenganem-se, porém, se pensam que vou retirar os comentários dos posts!
Não o farei por dois motivos:

Primeiro: cada post encravado significa que os destinatários enfiaram a carapuça e, assim, o tomaram por verdadeiro, tentando dessa forma evitar a sua visualização.
Segundo: quanto mais vezes o fizerem mais vontade me darão para escrever e indagar, cada vez mais fundo, o que vai mal na vilória.

Em breve irei imprimir todos os posts deste blogue e enviá-los em encadernação de luxo ao cuidado do Senador Maximus via correio.
Prometo fazê-lo através da estação dos CTT de S. Pedro do Sul e deixar várias impressões digitais no papel, quiçá um pêlo público, para ficarem com o meu ADN disponível.

Até lá, meus queridos comentadores, façam o que o papá quer e continuem a encher a caixa de comentários. Vá lá, vão ver que não custa nada. Se já têm açaimes, não vos custa agora obedecerem a mais um. Não vos peço que abanem o rabinho no fim nem ponham a língua de fora, pois sei que isso são prerrogativas do Maximus.

Como dia o outro, só me apetece é ganir!!!
 
S. Pedro do Sul, Viseu

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