O SILVA E O MARCO PAULOFiquem os blogueiros descansados que não vou dissertar sobre os dois ou mais amores do Silva, fazendo um trocadilho com a letra do Marco Paulo. Primeiro, porque não sei quantos ou quem são os amores do Silva. Segundo, mesmo que soubesse, nunca o faria. Seria de mau gosto e não gosto de brincar com a vida privada de ninguém.
Sei que, numa análise preliminar, a estupefacção será geral. Como pode alguém comparar um intelectual da craveira do Silva com o Marco Paulo, dispensando-me de qualificar as limitações intelectuais deste, pelo menos aparentemente, interrogar-se-ão.
Já lá vai um tempito, mais de 20, mas parece que foi ontem.. Havia chegado de Buenos Aires, onde tinha estado emigrado uns dez anitos. Como o meu trabalho era numa vinha, isolada dos grandes centros, o meu contacto com o mundo era reduzido, principalmente com o do nosso Portugal, pelo que, quando regressei, não conhecia nenhuma personalidade portuguesa, política, cultural ou social.
Um dia à noite, no café Edgar, assistia a um programa de televisão da RTP 1 na companhia de meia dúzia de amigos da nata sampedrense – pelo menos assim eram tratados. No ecrã, a cabeleira de um tipo com cerca de 30 anos, a fazer lembrar as partes baixas de uma negra, mas 1000 vezes ampliada, ocupava cerca de 2/3.
À jornalista que o entrevistava, o tipo da carapinha, à medida que ia arranjando as meias brancas, lá ia respondendo: «o
Marco Paulo vai lançar um álbum no Verão», «os concertos do
Marco Paulo estão a correr bem», «o
Marco Paulo vive na companhia da mãe».
As referências sucessivas ao tal
Marco Paulo deixaram-me intrigado. Mas quem seria o raio do
Marco Paulo de que o tipo da carapinha tanto falava? Pondo em prática a minha ignorância, lá me atrevi a perguntar ao amigo do lado quem era tal personagem. Imaginem qual não foi o meu espanto quando me disseram que o
Marco Paulo era o tipo da carapinha.
Para mim foi uma absoluta novidade. Um gajo a falar de si próprio na terceira pessoa do singular! Nem na Argentina tinha visto tal coisa. Megalomania, imbecilidade, senilidade? Não sei qual destes factores poderiam ter justificado tal atitude, o que sei é que, nos anos que se seguiram, o fulaninho lá continuou com a ladaínha do
Marco Paulo isto, o
Marco Paulo aquilo.
Agora entra o nosso amigo
Silva. Desde que ele abandonou o Caricas, passei a seguir as suas intervenções de fundo no
http://www.negrelosonline.blogspot.com/. Afinal – sim afinal, não «a final» - o
Silva é, juntamente com o Dr. Gralheiro, o único intelectual vivo de S. Pedro do Sul.
Quando li o seu último post, nem queria acreditar. Provavelmente também não vão acreditar, pelo que passo a transcrevê-lo:
«POLUIÇÃO DO TROUÇO DISCUTIDA NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE S. PEDRO DO SUL
Por iniciativa do deputado Manuel Silva (PSD), a poluição do Rio Trouço foi discutida na Assembleia Municipal de S. Pedro do Sul realizada no passado dia 24 de Fevereiro.Aquele deputado, após alertar para os prejuízos na agricultura e o perigo para a saúde pública das populações de algumas das freguesias do concelho de Vouzela (Queirã, S. Miguel do Mato e Figueiredo das Donas) e das localidades de Negrelos, Arcozelo e Outeiro da Comenda, na freguesia (...)».
Reparem bem,
«por iniciativa do deputado Manuel Silva»,
«aquele deputado».Estou preocupado. O que terá levado o
Silva a falar de si próprio? Será que ninguém fala nele, ao ponto de ter de ser ele próprio a fazê-lo? Será da convivência forçada com o Marco Paulo, imposta pelo Tó Carlos aos seus correlegionários quando convidou este artista para actuar no Lenteiro do Rio? Será que está a ficar com uma projecção megalómana que já não consegue esconder?
Sr. Manuel
Silva, não se sinta obrigado a proceder dessa forma. Os leitores sampedrenses estão consigo, respeitam-no e têm-no em tão elevada conta que existe já um movimento de campo para o convencer a voltar a escrever no Caricas ou qualquer outro blogue de maior «tiragem».
Sr. Manuel
Silva, não fale de si e das suas valorosas intervenções de fundo na assembleia municipal. As máquinas dos aparelhos comunistas, que V. Exa. tão bem conhece, eram hábeis nessa auto-propaganda.
Sr. Manuel
Silva, as suas intervenções falam por si. O tempo dar-lhe-á o devido valor. Antevejo-lhe um futuro como assistente do Pacheco Pereira.
A partir de hoje, passarei a dar conta de todas as suas intervenções, para que se não sinta obrigado a falar de si na terceira pessoa.
Palavra de Robin, desculpe, a minha palavra.