A LISTA DE ....
Por força de uma corrente norte-americana, plasmada num conjunto de séries feministas, do estilo «Donas de Casa Desesperadas» e «O Sexo e a Cidade», criou-se o terrível hábito das pessoas se organizarem através de listas.
Há listas para tudo. Listas de ex-namoradas, de futuros governantes dos tachos do PSD (que sonham em voltar a ser governo!!!), de compras, de marcas de fio dental, de dívidas a fornecedores, etc..
Enfim, uma mania da organização acerrimamente defendida por pessoas desorganizadas. Uma vez mais, SPS não quer ficar atrás destes hábitos urbanos.
Há uma semana, quando saía de mais uma reunião com o 23º funcionário camarário da secção das obras particulares, que me havia intimado a comparecer devido ao facto do tipo de letra por mim utilizado no requerimento do modelo 235 (destinado a obter autorização para um autoclismo de mecanismo de dupla recarga) ser o «Arial» e não o «Times New Roman», facto que, informou-me, violava o 493º regulamento camarário do Bangelista, deparei com um papel no chão, junto aos claustros dos paços do concelho.
O título desta lista, que não se encontrava assinada, era o seguinte: «OBJECTOS A NÃO ESQUECER QUANDO O TRIBUNAL DE CONTAS ME ENTALAR».
- Um volume de cigarros (a minha falta de vontade vem de longe);
- Uma caixa de preservativos com sabor a morango (já chega de filhos e o furgão está a ficar curto);
- Um Código Civil (para aprender aquilo que nunca soube e para começar a trabalhar);
- Um terço (expiação dos pecados que pratiquei desde que nasci politicamente);
- Um BMW miniatura (uma tara à custa do Zé Povinho);
- Um kit de alvo com a foto do Adrianus com sete setas (para me vingar de quem me lixou);
- Um DVD do filme «Quem Tramou o Roger Rabbit?» (uma espécie de auto-biografia);
- Um conjunto de 1.000 boletins municipais em branco (a vontade de continuar a imprimir e divulgar inverdades à custa dos outros);
- Um exemplar da Lei 91/2001 de 20 de Agosto – Finanças Locais (para a próxima não me fodem);
- Um bidão de lata de 1.000 litros (a culpa não foi minha, mas do Vitorino);
PS: Caso esta lista se extravie, é favor devolvê-la ao MALEDICENTE (Maior Aldrabão, Linguarudo E Defecador de Inverdades do Concelho E Nascido Trás da Encosta).
Após aturada e cuidados análise a esta lista, que logo colhi, não fosse o 489º fiscal apanhá-la e lavrar o 378º auto de contra-ordenação do mês em curso, concluí estar bem pensada, demonstrando alguma maturação, preocupação com o futuro e, sobretudo, um sincero e profundo sentimento de arrependimento cristão.
Estaria tudo bem, não fosse eu ser um desmesurado perfeccionista e, como tal, verificar a falta de um chicote de três pontas para as sessões diárias de auto-flagelação. Zplás, zplás!