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ANDANÇAS III OU O ABRAÇO DO SENADOR
Este tema já é praticamente um clássico deste blogue. Desde há três anos que dedico três ou quatro linhas a este encontro de gente com os pés sujos e pêlos nos sovacos.
Não vou, desta vez e de novo, tecer considerações sobres as vantagens e desvantagens desta reunião de dançantes possuídos. Para isso, podem ir aqui, http://www.extra.com.br/produto.asp?productid=3359839&Category=catLivrosEsoterico e comprar o livro.
Quer dizer, vou referir só uma vantagem, não consigo resistir. Durante o tempo de duração das Andanças o Tó Carlos pisga-se de férias para não ver o Adriano a recolher os louros da elevada afluência e a falar em directo para o programa da Fátima Lopes. Ai, ai, a inveja ainda vos vai minar a próxima candidatura!
Para ser conciso, depois de ler atentamente o programa, detive-me numa das actividades paralelas previstas: prática de relaxamento abraçoterapia.
Confesso que fiquei curioso e preocupado. Curioso porque nunca tinha ouvido falar em tal prática. Preocupado porque, se estava hesitante em ir pela primeira vez ao Andanças, fiquei logo determinado em não pôr lá os meus pés.
Abraçoterapia é daquelas palavras que dizem logo tudo. Arrepiei-me ao pensar num daquelas cabeludos cheios de ratas pegajosas a envolver-me nos seus braços peludos cheios de gordura vegetal.
Passei no António João a comprar uma escova de arame, desatei a correr para a banheira e fiquei lá a esfregar-me durante duas horas. Que horror! Pensamentos impuros como este não me levam de certeza à absolvição dos meus pecados. Estou definitivamente condenado a repartir o exíguo espaço do inferno com alguns dos governantes locais. Que sorte a minha.
Continuemos. Dei por bem empregue o tempo passado na lavagem dos meus pensamentos e, sobretudo, louvei a decisão de não comprar uma pulseirinha para as Andanças, principalmente quando me descreveram um episódio lá vivido com um certo senador e um outro assessor.
Ao que parece, o mestre da abraçoterapia, ao aperceber-se da presença de tão importantes personagens e do interesse que manifestavam pelos mais variados aspectos do festival – ainda mais do que aquele que apresentavam pelo fino em copo de plásticos e Sumol de laranja que emborcavam – disponibilizou-se para fazer uma demonstração da técnica.
Depois de três ou quatro lufadas de ar inspirado, para melhor concentração e meditação zen, dizia o mestre, convenceu o senador a ter o papel activo, talvez por o seu (des)penteado cabelo transmitir a ideia de uma certa iniciativa. Por outro lado, ao assessor, de semblante carregado de mordomias, coube o papel passivo.
Foi o fim da picada. Quando o ambiente já estava envolvido com o som dos didgeridoo e com a presença de uma quantos Tai Chis, Origamis e locais que por lá pairavam, o caso deu-se.
Apesar do hercúleo esforço físico e espiritual, o senador falhou o exercício. De pouco lhe valeu o apoio dos presentes. De nada lhe valeu a boa vontade do assessor.Não foi possível. Os longos braços do senador não foram suficientemente grandes para evolver o portentoso peito descaído do assessor. As suas mãos nunca se chegaram a tocar, tal o diâmetro do afável mordomo.Uma total e absoluta frustração, para os participantes, o mestre e os presentes, que queriam assistir ao vivo à essência que mantém unida a equipa do senado: a amizade e solidariedade. Azar do caraças, diria um amigo meu.
Um ABRAÇO para todos é o que voz deseja o Robin.