VAMOS FALAR VERDADE
Após um afastamento forçado por motivos profissionais – frequência de um curso sobre a aplicação da dermocosmética no tratamento de chatos – e quando me preparava para limpar o rêgo com a página 13 da Gazeta da Beira, deparei com uma pérola literária com o mesmo título deste post: «Vamos Falar Verdade».
Como a verdade começa a ser letra morta nesta vilória, com muitas (in)verdades a pairar no ar, suscitou-me curiosidade.
Comecei por ver quem era o autor destemido desse artigo de opinião: «Victor Jorge Palma Leal». Do título, segui o asterisco e pude verificar que se tratava de um artigo do Administrador Executivo da Termalistur E.M.. Note-se, Administrador e Executivo com «A» e «E» grande, respectivamente.
Como podem imaginar, a expectativa e a adrenalina aumentavam. Afinal, um Administrador Executivo é coisa importante, pelo menos aqui no burgo.
Comecei e fiquei a saber que o Exmo. Senhor Administrador Executivo havia ido para o cargo porque tal se lhe afigurou como um desafio. Que alívio. E eu que pensava que tinha aceite o lugar a título de primeiro emprego e por forma a não dizer o que não devia nas assembleias municipais. Tantos anos a fazer um mau juízo do Exmo. Senhor Administrador Executivo e afinal não existiam motivos para tal.
O meu gáudio continuou, pois fiquei a saber que o Senhor Administrador Executivo tinha ética. Não que alguma vez houvesse pensado que a não tinha, sequer quando, no exercício legítimo de um seu direito, mudou de barco, acrescentando um «D» à sua ideologia política.
Depois, fiquei com dúvidas. Diz o Senhor Administrador Executivo que não deve, nem quer voltar ao quadro político partidário local. O quer isso dizer, Senhor Administrador Executivo? Não tem dívidas com o quadro político local ou não deve voltar ao quadro político local? Não quer ou não o deixam voltar ao quadro político local? Não querendo voltar ao quadro político local, admite voltar ao quadro político nacional? Estará a sua ética e vontade de aceitar desafios colocadas a esse nível.
A partir deste momento, perdi o interesse na leitura do artigo de opinião. Fiquei com a ideia genérica que tratava de uns números, uns disparates quaisquer, com uma certa dose de má fé e incompetência, onde se faziam alusões a um filme de sobre rendas. Enfim, nada de interessante.
Exmo. Senhor Administrador Executivo, aproveitando a sua vontade em falar a verdade, de resto, penso que nem sequer é nova, sempre o fez, caso contrário não lhe teria sido lançado o desafio de aceitar integrar o Conselho de Administração da Termalistur, EM, gostava de lhe colocar as seguintes três questões (não mais, pois não quero roubar-lhe tempo para tratar os números dessa tão importante empresa):
É ou não verdade que V. Exa. não é Dr., sendo que, com isso, se pretende saber se já concluiu a sua licenciatura?
É ou não verdade que V. Exa. assina os doutos despachos e ordens de serviço com menção ao dito «Dr.»?
É ou não verdade que a sua casta esposa se transferiu para os quadros de um potencial investidor na Termalistur, EM?
Aguardo a verdade das respostas e as respostas com verdade. Faço-o sentado, não porque tema que não vá responder, mas porque sei que o trabalho é muito e o seu tempo é pouco.
Votos de um bom ano novo e de uma óptima execução orçamental.
Robin