SANTO ANTÓNIO TIRA A DOR, MAS NÃO TIRA A PANCADA…
S. Pedro do Sul é, de facto, o centro do Universo. É aqui que tudo quanto é inusitado acontece. Uniões que se transformam em desuniões. Amizades que viram inimizades.
Vem isto a propósito do processo eleitoral da Santa Casa da Misericórdia de S. Pedro do Sul. Pois é. Espantados, certo? Sei que os dois ou três leitores deste modesto blogue pensavam que a Santa Casa da Misericórdia da nossa vilória não estava sujeito a nenhuma espécie processo eleitoral. Pensariam, porventura, que se tratava de uma monarquia.
Erro crasso. Compreensível, tendo em consideração as vezes sucessivas em que o Sr. Manuel Paiva se sucedeu a si próprio (35 anos), mas um erro. Durante anos a fio o senhor Provedor fez-se eleger sem nenhuma espécie de oposição, quiçá pelo árduo trabalho que aí desenvolveu. Sempre em benefício de terceiros. Nunca em proveito próprio ou dos seus familiares. Uma gestão criteriosa e rigorosa.
O problema é que, desta vez, vamos ter duas listas. Uma verdadeira zanga de comadres, cujo resultado esperamos nos elucide sobre as verdades.
De um lado o eterno Manuel de Paiva, cuja equipa conta com os préstimos de uma das maiores inteligências de S. Pedro do Sul, com vasta experiência em maratonas e na gestão de agulhetas das viaturas que fazem ti-nó-ni, de discurso rápido, apenas ultrapassado pela velocidade do próprio raciocínio, Eduardo Boloto, e com um dos gestores mais sérios e capazes que alguma vez passaram (e passarão) pelos tribunais portugueses, José Barros.
Uma equipa de peso, a que se soma uma das pessoas mais populares do concelho, José Duque. Mais conhecido que o próprio Papa no Vaticano, um homem de trato fácil, com créditos reconhecidos pelo valoroso trabalho autárquico desempenhado ao longo de décadas (só não chegou mais alto, tipo ministro, por não ser doutor, uma injustiça para um país onde só os doutores e engenheiros arranjam tachos) e de uma seriedade à prova de bala, tipo Panzer. Não tivesse ele sido distinguido pelo seu currículo na CGD!
Do outro lado, José da Cruz Fernandes, homem sério e inatacável sob todos os ângulos, com percurso firmado nas Finanças, acompanhado pelo Víctor Figueiredo, o eterno Presidente da Junta de S. Pedro do Sul, homem popular.
Escolha difícil. Tenho-me interrogado em quem votaria se fosse irmão. A «campanha» está ao rubro.
Ao que parece, a lista liderada pelo José da Cruz Fernandes acusa a opositora de «atitudes menos dignas», de «ofensas corporais», de não olhar a «meios para atingir os seus fins».
Confesso que me custa a acreditar nestas acusações. Não consigo conceber pessoas do mais elevado nível, como o José Duque a cometer tais deselegâncias. Um homem de trato fino, conciliador, altruísta, vertical não comete tais actos. Um homem que não se inibe de andar no porta a porta a solicitar votos, não a mendigar votos, pois que não precisa disso, vale por si só. Tratar-se-á, decerto, de um exagero de linguagem.
Por outro lado, a lista do Manuel de Paiva, acusa a lista do José da Cruz Fernandes de ser constituída por pessoas que querem regressar como «salvadores da pátria», de se arrogarem a fazer uma «lista alternativa», com isso esquecendo «quem sempre liderou e que dedicou toda a sua vida em prol do desenvolvimento da instituição».
Que atrevimento! O Senhor Manuel de Paiva tem toda a razão para estar aborrecido. Então o homem sacrifica-se ao longo de 35 anos por uma instituição (note-se que não estamos a falar de uma empresa que vise dar-lhe lucros e proveitos próprios!) e querem tirá-lo de lá. Não há direito! O senhor Manuel de Paiva já adquiriu o lugar por usucapião, extensível a todos os que o acompanham.
Como ficarão as relações do José Duque e do Victor Figueiredo após as eleições? Será que, qual Alegre, o Duque vai formar um movimento à esquerda, com o apoio da sua aliada Fátima Pinho, o Senhor José da Rompecilha, eterno agradecido pelo preenchimento de um impresso de depósito bancário há mais de 20 anos e o Senhor Adalberto da Bandulha, a quem ensinou a requisitar um impresso para transferência bancária há cerca de 15 anos? Aguardemos.
Duas coisas são certas, este processo ainda vai dar que falar e, no final, alguém vai «levar pancada», independentemente do Santo Padroeiro da Misericórdia tirar a respectiva dor…