O PRÍNCÍPIO DO FIM E A SUCÇÃO DIGITAL
Mesmo para aqueles que encaixam tudo e mais alguma coisa, tolerantes, ao bom espírito católico, apostólico e romano, desta vez foi demais. O esticanço foi muito grande e os limites da paciência totalmente esgotados.
A má gestão do Tó Carlos e da equipa que lidera tornou-se incontornável e impossível de dissimular com falinhas mansas e operações de charme.
O Hair On The Air deixou de poder ser usado como bode expiatório. Está nas boxes, como o fórmula do Juan Pablo Montoya. Os conhecimentos do Adrianus, pelos vistos, estão territorialmente confinados à freguesia de Carvalhais, uma vez que os prejuízos da Termalistur se acumulam sucessivamente e com tendência a piorar. O da pêra, nem se houve falar dele, em, bom rigor, ninguém fala com ele, já ninguém o pode ver. O Professor Castro, fazendo uso dos profícuos conhecimentos de histórias para criancinhas, lá vai continuando a sua saga contra os moinhos de vento, qual Quixote de Cervantes. Uma desgraça, portanto.
Para completar e fechar o ramalhete a já conhecida histórica das eólicas. Como se não bastasse terem-nos aberto a peida a tamanha ventania, plantando aqueles monstros brancos pelos recortes serranos como se de cogumelos se tratassem, vêm agora com a brilhante ideia de empenhar o pouco risonho futuro do concelho.
Estou a falar da última manobra de engenharia financeira a que o Tó nos habituou. Depois da criação da quase falida Termalistur, com o objectivo de dividir as despesas com o pessoal – parece que foi um pouco tarde, pois o Tribunal de Contas está a apertar-lhes o calos – eis o lançamento de mais uma ideia brilhante: um empréstimo encapotado, dizem uns, uma mera antecipação de receitas, dizem outros.
Para mim é simplesmente mais uma demonstração da falta de génio político do Tó Carlos, que não vê para além das bordas do seu umbigo. Quem no seu juízo perfeito se lembraria de hipotecar uma receita tão significativa? De a utilizar para pagar dívidas já vencidas ao invés de o fazer em obras visíveis e estruturantes?
O que se seguirá? A concessão do balneário a um qualquer comandante dos bombeiros? O arrendamento dos claustros para uma loja de chineses? E porque não a cedência onerosa do Lenteiro do Rio para uma prova de dirt track organizada pelo Josef Flag?
O Tó teve um sonho, sabem? Não um sonho molhado, o que poderia até ter sucedido, com tanta água que vai metendo. Um sonho sobre o futuro de S. Pedro do Sul. Com uma névoa como pano de fundo, vislumbrou três gerações em fila com o polegar direito na boca, a amolecer na espuma da saliva, à espera de (mais um) milagre trazido rio abaixo.
Em vez de tentar compreender o sonho, limitou-se a dar-lhe um nome. A sua análise caberia a um novo assessor contratado para o efeito. Chamou-lhe a
«Sucção Digital». Assim, sem mais, arquivou-o na sua mente labiríntica, junto ao factoring, ao leasing e à consolidação de crédito, como se tratasse de (mais um) devaneio inconsciente e dispendiosos.
Será que o Lula da Silva não aceita o Tó num intercâmbio com os brasileiros de Vila do Rei. Fazíamos uma vaquinha e pagávamos-lhe a viagem de ida para
Paráiba ou para o
Maranhão. Assim já não nos fecundava mais, porra.