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A AULA PRIVADA DO TÓ
Notei nos últimos dias uma certa inquietação junto da sociedade sampedrense relacionada com a conferência do Brendan Walsh. Queixam-se, sobretudo, pela pouca ou nenhuma divulgação que o evento teve. O comuna combatente e resistente afirma mesmo com uma lágrima no canto do olho que ninguém o convidou. Coitadinho...
Bem, o certo é que o diabo da conferência não teve projecção nenhuma e deveria ter tido. Primeiro, porque o conferencista é um economista de renome. Segundo, porque tinha sido uma óptima oportunidade para mostrar aos sampedrenses que o Cine-Teatro não serve apenas para sorver os dinheiros públicos e para constar na linha de intenções políticas de todos os candidatos locais – (se me ouvissem, aquela merda já tinha vindo abaixo há muito). Terceiro, seria muito mais interessante ouvir o Prof. Walsh do que mais uma peça de intervenção do Cénico.
Qual então o motivo para tão fraca divulgação e, consequentemente, tão pouco público a assistir? O primeiro motivo que encontrei foi a ausência de porco no espeto. O Tó Carlos habituou mal a rapaziada e agora já ninguém lhe liga, a si e aos eventos por si promovidos se não houver porco. Vejam a convenção europeia sobre termalismo, por exemplo, nem teve direito a constar nas páginas ímpares no último boletim municipal, conhecido também por Notícias de Lafões, tendo ficado remetida para um cantinho do jornal.
No entanto, era uma explicação simplista, não podia ser só isso. Lembrei-me depois que aqui há uns tempos a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de S. Pedro do Sul organizou um ciclo de conferências onde foram convidados vários economistas, supostamente representativos dos vários quadrantes políticos.
Um dos convidados, que levou mais público para assistir, foi o sampedrense Carlos Carvalhas. O nosso Tó, como é um pouco vaidoso, lá compareceu junto do povo que o tinha elegido com larga maioria. Podia ter-se remetido ao silêncio e, assim, feito uma boa figura, já que por vezes vale mais estar calado do que dizer asneiras, mas não, o nosso Tó, tendo presente o seu resultado eleitoral, resolveu falar.
Sem nenhum estudo do tema em debate, fiando-se na credulidade do seu interlocutor, resolveu dizer generalidades sobre a Irlanda, pensando que, com isso, faria um brilharete. Cabrummmmmmm!
Qual trovão fulminante, mas com um sorriso indelével, o maior comunista de SPS (desculpe a afronta, Dr. Gralheiro) atestou sob compromisso de honra aquilo que muitos, quase todos, já sabiam: o Tó Carlos fala do que não sabe. O homem enterrou-se na cadeira, só não tendo desaparecido do campo de visão do restante público por ser alto. Quando o Carlos Carvalhas o mandou estudar e consultar os índices económicos que contrariavam retumbantemente o disparate jornalístico que acabava de vociferar, o Tó ficou lívido. Consegui mesmo sentir as gotículas de suor frio que lhe escorriam pela testa abaixo.
O homem ficou arrasado. Coincidência ou não, foi nessa altura que trocou de BMW, quiçá para passar despercebido junto das pessoas que assistiram àquela vergonha pública. Coincidência ou não, o stock de Valium ficou reduzido nesses dias.
Esta foi a verdadeira razão para o Prof. Brendan Walsh ter vindo a SPS, elucidar o Tó Carlos para não passar mais nenhuma vergonha pública. Até aqui tudo bem, as pessoas podem e devem cultivar a aprendizagem, principalmente quando o nível de sabedoria e conhecimentos é baixo. É meritório.
O que já não me agrada tanto é termos de ser nós, munícipes, a suportar as aulas do Tó Carlos. Quanto é que o Prof. Brendan Walsh terá cobrado para vir de Dublin até SPS? Quanto terão custado as dormidas e comidas do senhor?