UM DESERTO CHAMADO FÁTIMA PINHO
Cada vez mais gosto de desertos. A atracção pelo vazio, pelo silêncio, pela quase ausência de fauna. Uma tara como outra qualquer. Não fossem as viagens tão caras e Atacama e Gobi seriam certamente os meus próximos destinos de férias.
Nestas reflexões e quando listava os desertos que já visitei e conheço e os que quero visitar, veio-me um outro à memória que não consta em nenhum manual de geografia: a Dra. Fátima Pinho.
Sim,
a Dra. Fátima Pinho está a desertificar (e a desertar também, ao que parece). É certo que não tem camelos nem cactos plantados na sua cabeça, mas talvez isso se deva à ausência de ideias políticas para o concelho, é que até os cactos precisam de nutrientes para sobreviver.
Como é possível que esta senhora tenha dado uma entrevista a uma rádio local sem ter uma ideia formada sobre a ascensão de S. Pedro do Sul a cidade? (
http://ocaricas.blogspot.com/). Provavelmente ainda não teria consultado o seu oráculo e familiar, Manuel Bandeira Pinho, mas para isso ficava muda, qual Manuela Ferreira Leite.
Referindo-se ao estatuto de cidade para S. Pedro do Sul e à proposta de lei apresentada pelo PSD, começa por dizer que «à luz da lei parece que não é possível», porque S. Pedro do Sul e Várzea não tem 8.000 habitantes.
Depois diz que prefere uma boa vila a uma cidade das mais pequenas e pobres do país.
A seguir (lá se deve ter lembrado que o povo gosta de cidades), lá diz que faria todo o gosto que S. Pedro do Sul passasse a cidade.
Questionada sobre as vantagens para tal, em primeiro lugar diz que não são grandes, mas que permite um financiamento no eixo dois.
Termina dizendo que não é uma questão central, mas que se houver vantagens reais, vale sempre a pena.
Que grande confusão que aí vai nessa cabecinha, Dra. Fátima. Ainda bem que não escolheu a profissão de ferradora, pois consigo não haveria cavalos com ferraduras, tantas são as vezes que alterna entre estas e o cravo.
Em primeiro lugar deveria ter lido a lei. É algo que se exige a quem tem a lei debaixo da língua e na ponta da caneta, sempre pronta a denunciar pretensas violações da mesma. O Tó Carlos fê-lo.
Como então dissemos, «no art. 4º da legislação em análise, admite-se que importantes razões históricas, culturais e arquitectónicas possam justificar uma ponderação diferente destes requisitos».
Se queria atacar a elevação do ponto de vista legal, deveria tê-lo feito pela excepção, desmontando a questão pelas questões históricas, culturais e arquitectónicas. Poderia ter copiado até os meus argumentos, fica autorizada para isso.
Em segundo lugar, deveria ter procedido a uma listagem das vantagens e desvantagens da passagem de S. Pedro do Sul a cidade. O que é isso do eixo 2? É o eixo do camião? Para quem é que a senhora estava a falar, para os seus colegas do politécnico? Nem esses sabem o que é o eixo 2, quanto mais o senhor Joaquim do Aveloso ou o senhor Belarmino de Ferreiros. Como pode querer passar a sua mensagem utilizando termos e conceitos que (provavelmente) nem a senhora sabe o que significam? Não aprendeu nada nos últimos 4 anos, tipo, descer à terra?
Em terceiro lugar e pior que tudo, não deveria ter já definido a sua posição? Ou quer a cidade ou quer a vila. Ambas as posições são discutíveis, mas não pode ter cada pé na sua margem, arrisca-se a ficar escachada.
Cada vez mais, Dra. Fátima, a senhora é a minha Atacama, mas sem as rosas do Sepúlveda.